segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Macbeth

Não podia deixar de postar no blog essa animação depois de encontrar por acaso no youtube. É de uma série de adaptações da obra de Shakespeare feita pela BBC, e na minha opinião, ficou excelente.







quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ensaio sobre a fodeza


Acordei e percebi que ainda estava dormindo, mas essa não foi a maior de minhas surpresas. O fato é que eu me encoxava enquanto dormia. Preocupado, resolvi ir ao médico, tentar tratar do problema antes que alguém achasse que era viadagem.


Examinando os papéis com o resultado de uma bateria de exames, ele olhou para mim com uma cara entre surpresa e divertida e disse:


- Ao que tudo indica, seu problema é de excesso de fodeza.


- Como? – perguntei, sinceramente confuso.


- Todo ser humano tem uma capacidade X de fazer coisas fodas, e ao limite específico de cada um nós denominamos fodeza. É uma área muito nova da ciência médica, a fodologia. Eu me orgulho em ser um dos pioneiros do estudo da fodeza no Brasil e um dos mais renomados fodólogos do mundo. O seu caso é clássico, você tem um limite muito alto de fodeza, uma grande capacidade de fazer coisas fodas.


- Hummmm! Mas isso não seria uma coisa boa? Essa minha capacidade de ser mais foda que o resto do povo?


- Olha, uma coisa foda não significa necessariamente uma coisa boa. Essa sua habilidade de se encoxar, por exemplo, é uma coisa muito foda, que pouca gente conseguiria fazer. Mas até que ponto ela lhe traz benefícios? De fato, você não é nem mesmo o mais fodão dos meus pacientes, eu já tratei de pessoas com um nível de fodeza quase três vezes mais alto que o seu. Para elas, essa sua auto-encoxação seria apenas o início, se é que você me entende...


- Então eu posso ir embora sossegado. Ninguém precisa saber que eu me encoxo durante o sono.


- Na verdade não é tão simples assim. Eu deixei para lhe explicar por último, mas a sua principal "característica" não é sua fodeza, e sim sua resistência sobre-humana à fiascagem. Eu nunca tomei conhecimento de nada parecido, mas basta você entender que uma pessoa comum morreria fulminada como que por um raio se a taxa de fiascos em seu sangue chegasse a um décimo da que os exames indicam como a média para você. Na verdade eu acredito que você se encontra em um estágio em que mais do que suportar, seu organismo necessita de uma elevada taxa de fiasco na veia. Você é um viciado em fiasco, um fiascólatra. Eu recomendo que você procure o mais rápido possível o fiascólogo cujo endereço estou lhe repassando, bem como o F.A., os Fiascólatras Anônimos.


Despedi-me polidamente e dali mesmo me botei a procurar pelo consultório do fiascólogo recomendado, num edifício caro bem no centro da cidade. No meio do caminho, em uma praça muito movimentada, não resisti e parei para me encoxar em público. Logo uma pequena multidão de curiosos se formou ao meu redor, alguns assobiando, outros me atirando moedas. Foi nessa hora que ouvi alguém falar em viadagem. Na mesma hora, sem interromper minha ação, olhos inflamados e face congestionada, passei a gritar para a multidão só fazia avolumar:


- Viadagem nada! FO-DE-ZA!!!!



Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves



sábado, 15 de agosto de 2009

Como diz-se

Ao contrário de tantos outros, estava feliz tanto em sua condição de tijolo quanto em sua posição junto à base da grande pilha desordenada que era o único mundo que já conhecera.



Não aspirava um dia tornar-se muro ou edifício, nem nada que implicasse em abandonar sua tão prezada individualidade, de modo que não perdia seu tempo em idílios ou planos sobre como galgar ao topo, de onde se afirmava ser mais fácil a transcendência.



Quando sopraram os ventos da revolução, virando do avesso as certezas e trocando tudo de lugar; enquanto alguns dedicaram-se a exaltar a glória das argamassas e outros procuravam explicações sócio-físio-científicas condizentes com os próprios conceitos; enquanto a grande maioria aproveitava para demonstrar a força de sua fé no Homem, o ser todo poderoso que criara o universo a partir do barro e do fogo – rogando-lhe das formas mais ardorosas que protegesse a si e aos seus; foi que desapareceu.



Em meio a tamanho caos, ninguém reparou no destino de tão insignificante figura. Diz-se que partiu-se todo em nome do fim que lhe foi reservado, remoendo-se de tal forma, que cada um de seus grãos, de tão refinados, hoje pulsa em diferentes pontos do centro da essência de tudo que existe.



Diz-se que virou ponte, e que de suas lágrimas é que surgiu o rio por sobre o qual eternamente chora, sozinho, no mesmo lugar.




Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

sábado, 8 de agosto de 2009

Noite, velha conhecida

A noite
em sua essência
não me reserva surpresas.



Sexo
drogas pesadas
atos de violência.



A noite é desesperança
que tapa com mãos de velha
os meus olhos de criança.



À noite
- é o que espero -
me embalará em seu seio

me levará para a cama
e me enxergando tão feio
há de mentir que me ama...



Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves