sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Ponto de vista

Desconfiava das frestas entre a cortina e a janela, preferindo entendê-las como brechas através das quais ser espionado que como aberturas pelas quais observar o que ia pelo mundo exterior.

Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Pingo d'Ouro

Tudo que sou hoje em termos de saúde e bem estar, devo à minha professora de história da sexta série, que me ensinou a dieta do mediterrâneo: trigo, azeite e vinho. Foi por causa dela que passei a me alimentar exclusivamente de Pingo d'Ouro e Campo Largo, o que me trouxe indubitáveis benefícios ao longo dos anos.
A ventura de conhecer a gaiola de uma daquelas ipanemas da PM por dentro, por exemplo, eu credito ao delicioso vinho Campo Largo - só que nesse dia acompanhado de xarope pra tosse, aquele que nos revela a verdade em sonhos, e não de farinha salgada artificialmente tratada para ter gosto de bacon fake.
Era uma tarde de Copa do mundo, muito tempo atrás, e como um ato simbólico eu joguei fora meu relógio, meu dinheiro, e sabe-se lá mais o que. Um Easy Rider sintético, doze horas de emoção alucinógena e redescobertas à flor da pele. Experiências xamânicas são uma porra da porra.
Eu não sei a troco de quê a polícia veio. Se pela pedrada na cabeça do meu amigo, pelo furto dos cds do Exaltasamba, ou pela ameaça de morte a um transeunte desavisado - desculpa aí senhor transeunte, na hora eu achei que falava com uma raposa.
Chato mesmo é a volta à realidade cotidiana, tendo-se uma vez viajado pelos confins do universo, testemunhando o indescritível. O que nos salva da morte por tristeza, nesses casos, é o nosso egoísmo. Porque morrer atropelado numa rua do interior é uma coisa besta, mas morrer numa batalha épica no fim dos dias é algo bem mais aceitável. Se não por honra ou coisas do gênero, pelo menos pela companhia...
É por essas e outras que eu tomei uma firme decisão para o resto da minha vida: entrar pelado em igreja de crente e postos de gasolina, nunca mais! Um cidadão responsável precisa cuidar da própria imagem, e agora estão instalando câmeras de vigilância pela cidade. Sabe-se lá o que esses burocratas pervertidos vão fazer com o meu filme.
Sem falar que esse tipo de notícia corre rápido demais. Passei pela Quadrangular numa quarta, e quinta já tinha gurias da Universal ligando lá em casa...

Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Armistício

Pensar a respeito é retroceder

senão o que é que faço

quando em ritmo de marca-passo

me pego qual rato entre as presas do gato

a dizer:

-Foda-me!

Mas de modo digno e indolor...


Paulo Eduardo de Freitas Maciel de Souza y Gonçalves